Um destino fabuloso não está apenas ao alcance de Nuno "Gomes"… desculpem, da Amélie Poulain. Há quem coleccione autocolantes das mais variadas latitudes na sua mala de viagem assim como o nosso saudoso Eusébio (ex-Tirsense, ex-Beira-Mar, ex-Braga e ex-mullet) coleccionava cartões amarelos.
Falamos, por exemplo, de Márcio Martins e dos seus belos olhos cuja cor nunca conseguimos discernir. Márcio foi um zagueiro vimaranense e presença indispensável no banco e na bancada da cidade-berço, de onde emitia descrições rocambolescas da sua carreira que todo o plantel sorvia com ardor, como escuteiros à volta da fogueira. As palavras de Márcio Martins escorriam como fios de mel pela carapinha achocolatada de Neno, resultando numa sobremesa tão apelativa quanto perigosamente calórica. Um dia, o seu poder oratório até corou o aparentemente imperturbável Momha. Ou seria o Desmarets? Pronto, o mais alto desses dois.
Márcio nasceu em Ibitinga, a terra de todos os sonhos, num óbvio prenúncio da carreira estrelada que o aguardava. Ainda adolescente, reparou numa bola de trapos e fez-lhe olhinhos. Foi atrás dela e acabou por se inscrever no Matonense. Acto contínuo, empinou o peito e fez-se à vida no colossal Guaratinguetá.
Isto já seria suficiente para preencher o currículo de muito boa gente, mas Márcio, ambicioso, quis ir um pouco mais além. E, findos três enormes anos, partiu a loiça e dirigiu-se para o mastodôntico XV de Novembro.
Uma vez chegado a esse dia do calendário tornado clube de futebol, Márcio decidiu que gostava mais da véspera, ou seja, regressou, um pouco desiludido, para a casa que tanto o amou: o grande – treze letras – e impronunciável Guaratinguetá.
Por pouco tempo, porém. Márcio, sempre em busca do seu El Dorado português, nem hesitou quando aceitou o convite do Figueirense, convencido que singraria no frenesim urbano da Figueira de Castelo Rodrigo de início de século. Márcio via com bons olhos espalhar o seu futebol pelos campos sintéticos do alto da Beira Alta, mas, afinal, o Figueirense era do estado de Santa Catarina.
Nova tentativa: disseram-lhe que precisavam de um defesa em São Bento e Márcio, apesar de intrigado (“Ué? Então o presidentji dji Pórrtugau vai precisá dji zaguêros no seu palácio? Não entendu, não.”), sentiu que estava na altura de mudar de camisola outra vez. Mas afinal São Bento era do estado de São Paulo e tantos santos já estavam a aborrecer Márcio.
Falamos, por exemplo, de Márcio Martins e dos seus belos olhos cuja cor nunca conseguimos discernir. Márcio foi um zagueiro vimaranense e presença indispensável no banco e na bancada da cidade-berço, de onde emitia descrições rocambolescas da sua carreira que todo o plantel sorvia com ardor, como escuteiros à volta da fogueira. As palavras de Márcio Martins escorriam como fios de mel pela carapinha achocolatada de Neno, resultando numa sobremesa tão apelativa quanto perigosamente calórica. Um dia, o seu poder oratório até corou o aparentemente imperturbável Momha. Ou seria o Desmarets? Pronto, o mais alto desses dois.
Márcio nasceu em Ibitinga, a terra de todos os sonhos, num óbvio prenúncio da carreira estrelada que o aguardava. Ainda adolescente, reparou numa bola de trapos e fez-lhe olhinhos. Foi atrás dela e acabou por se inscrever no Matonense. Acto contínuo, empinou o peito e fez-se à vida no colossal Guaratinguetá.
Isto já seria suficiente para preencher o currículo de muito boa gente, mas Márcio, ambicioso, quis ir um pouco mais além. E, findos três enormes anos, partiu a loiça e dirigiu-se para o mastodôntico XV de Novembro.
Uma vez chegado a esse dia do calendário tornado clube de futebol, Márcio decidiu que gostava mais da véspera, ou seja, regressou, um pouco desiludido, para a casa que tanto o amou: o grande – treze letras – e impronunciável Guaratinguetá.
Por pouco tempo, porém. Márcio, sempre em busca do seu El Dorado português, nem hesitou quando aceitou o convite do Figueirense, convencido que singraria no frenesim urbano da Figueira de Castelo Rodrigo de início de século. Márcio via com bons olhos espalhar o seu futebol pelos campos sintéticos do alto da Beira Alta, mas, afinal, o Figueirense era do estado de Santa Catarina.
Nova tentativa: disseram-lhe que precisavam de um defesa em São Bento e Márcio, apesar de intrigado (“Ué? Então o presidentji dji Pórrtugau vai precisá dji zaguêros no seu palácio? Não entendu, não.”), sentiu que estava na altura de mudar de camisola outra vez. Mas afinal São Bento era do estado de São Paulo e tantos santos já estavam a aborrecer Márcio.
Estava Márcio pelo Guarani, aliviando as suas mágoas entre índios tupis, tucanos e guaranás, quando uma chamada celestial desceu das nuvens e atingiu Márcio – a Juventus precisava dele. Hossanas ao senhor, as preces tinham sido ouvidas, nem o armário com dois pés chamado Gladstone tivera semelhante sorte. Márcio pôs a sacola às costas e lá foi ele, orgulhoso e agradecido ao senhor, apanhar o avião para Turim.
Infelizmente, esta Juventus não era a vecchia signora de Piemonte, mas sim a Juventus do velho conhecido estado de Santa Catarina. A Europa parecia uma miragem só vista através da TV Globo Internacional.
Finalmente, a consagração: Afonso Henriques, o fundador português, esperava-o de braços abertos. Pegou nos seus cromos do Caio Júnior, Alexandro e Arley e colou-os no peito, mesmo em cima dos tufos de pêlo, pedindo protecção divina destes seus novos profetas.
Todavia, quando Márcio aterrou, constatou que era mais a bancada central que o esperava e que o fundador tinha mais que fazer do que empossar Márcio como seu aio. É verdade, o inventor de Portugal andava ocupado em selar a sua amizade com o mouro Luís Muhammed Vieira, até garantindo o concurso de duas cromáticas princesas, Luís Abdul Filipe e Nuno Al-Assis, para os seus quadros. Pelo meio, organizaram-se viagens de sonho até às pacíficas paisagens centro-europeias feudo de Mr. Platini, em jeito de lua-de-mel. E Márcio continuava a apanhar bonés.
Apesar de tudo, o calor humano dos Insane Guys, as fintas de Fajardo e o facto de Jean Coral ser um excelente sambista fizeram com que Márcio ficasse pela sombra do castelo cerca de ano e meio, embora contando pelos dedos de uma mão de pirotécnico os seus jogos pela equipa principal.
Foi muito bom, mas tal idílio tinha que acabar. A partir daqui, o céu era o limite. Contudo, sendo um tipo razoável e antevendo problemas de relacionamento com os santos, Márcio Martins regressou à sua terra e quedou-se pelo Ceará. Por enquanto: na altura em que estiverem a ler esta linha, é bem possível que Márcio já esteja noutro lado qualquer.
Fabuloso, não? Mas esperem até verem o percurso de Tales Schulz, esse meteórico goleador que ainda ensombra a memória de alguns matosinhenses incrédulos. A não perder num post que virá antes que alguém consiga pronunciar “Vlk e os três tristes tigres do Kralj” correctamente.
3 comentários:
lol, confirmo - já no início da temporada passada o percurso do Tales Schulz fez-me rir a Possis despregados.
Não tenho aqui comigo a abençoada revista de início de época que me deu a conhecer os fantásticos clubes agraciados pelas enxurradas de golos do Tales, mas lembro-me que o Nwoko, também do Leixões, passou por um clube cujo nome que me causou uma entorse na língua a tentar pronunciá-lo.
Desejo uma feliz 3ª Feira de Matute a todos vós.
Robbotron Sómmerda???
Retribuo os votos carnavalescos e agradeço-te por seres quem és, Faizulin. Sejas bem (re)aparecido.
Nwoko jogou no Marsaxlokk de Malta. Esse bravo clube onde também jogou... Haruna Doda!
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